Para a fome não há emoji

Entre muros e grades,
Segue presente a humanidade.
Segregada de si mesma.
A solidão visita indiferença,
Ao tempo que na rua,
A fome vaga maltrapilha,
Em casa há seda no armário. 

No tédio do dia sem shopping,
Sem as viagens maravilhosas,
Que distraem a vida da alma,
Segue a busca por sentido.
São dezenas de horas pelas redes sociais,
Conversas e fotos bem produzidas,
Convencem de uma felicidade,
Quase real e lúcida,
Que vende desejos e paixões,
Mas que retarda a evolução. 

Presos a evolução tecnológica,
Seguem os liderados pela fantasia,
Que abrem a carteira com um trocado,
Para o homem que clama de barriga vazia.
Enquanto se enche de orgulho,
Com a inanição do próximo.

Para a fome não há emoji,
Como proclamar sobre os telhados?
Como postar a fome no Instagram?
Será que o Photoshop resolve?

Não é fácil estar do outro lado,
Nunca foi fácil revolver o lodo profundo,
Mas é preciso ir além do visual.

A fome é um personagem horrível,
Ninguém quer este papel,
Não há reconhecimento social,
Não terá conforto e tranquilidade,
Mas alguns terão que trilhar nas pedras,
Para que haja esperança no bem,
Que sai a rua e alimenta o corpo,
Salvando o espírito. 

Antes de dar um trocado,
É preciso dar-se uma chance,
Ser o bem em alguém,
Deixar a vida de desdém,
Quebrando cenários,
Visualizando as mensagens,
Que o Nazareno lhes enviou.

Autor: Fabrício Ap Zafalon

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