Educação e Sociedade na dinâmica global



Autor: Fabrício Aparecido Zafalon
EE Jardim Buscardi, Matão-SP

Resumo: Os desafios da educação são diversos e multiformes, pois cada ser humano carrega em si uma personalidade que, a cada dia, é mais exaltada pela revolução tecnológica que estamos produzindo. A educação adquiri diversas formas e estruturas e a seleção de informações é o novo paradigma a ser desbravado. A flexibilidade é um dos caminhos para caminharmos com a educação global do indivíduo.
Palavras-chave: Desafios da educação; flexibilidade; educação global.

Os desafios da educação são diversos e multiformes, pois cada ser humano carrega em si uma personalidade que, a cada dia, é mais exaltada pela revolução tecnológica que estamos produzindo. Hoje é muito comum recebermos informações personalizadas por programas computacionais que elaboram perfis, através de algoritmos que são capazes de influenciar diretamente em nossas escolhas de uma forma sutil e intensa, sem que percebamos o quanto somos “orientados” a seguir determinados padrões personalizados, mas, ainda assim, padrões.
O fato é que a educação escolar vem resistindo e ainda permanecendo como um importante círculo social de desenvolvimento de habilidades socioemocionais vitais para o convívio em grupo. Porém, há muitas formas de se compreender esta resistência. Muitas vezes ela não é boa, já que utiliza formas de reprodução programadas e compartimentadas, que limitam e determinam espaços, enquanto que as redes os ampliam ou disformam sua dinâmica, tornando o que foi aprendido, inútil ou obsoleto antes que se utilize o conhecimento. Uma outra forma de resistência positiva é maleável, atuando de forma racional e compreensiva, analisa esta nova dinâmica global e adequa-se a ele. Fato apontado por Zygmunt Bauman (1925-2017) um sociólogo e filósofo polonês que inseriu uma nova visão deste “mundo líquido”. Assim, percebe-se a importância de tomar a flexibilidade, a compreensão e a tolerância ferramentas diárias em nossas vidas.
É um grande desafio ofertar uma forma social que carece de compreensão e entendimento, enquanto o educando sente-se atrelado a um sistema individual, que identifica suas carências e oferece soluções comercializáveis e focadas nas escolhas já registradas em seu perfil. A uma observação mais simplista, parece que a tecnologia está travando as portas do diálogo e das frustrações humanas que constituem nosso aprendizado como seres sociais que somos. Não se trata de ignorar a tecnologia e levar sua família para um mundo isolado, onde pais e filhos não teriam aparelhos ou atribuições do trabalho a fazer e a conversa fluiria livremente na evolução das afinidades sociais e afetivas. Não é possível atribuir valores estritamente humanos a aparelhos e objetos (apesar de parecer uma constante), como se um celular fosse o responsável pela falta aparente de atenção dos genitores por seu filho, ou o computador pessoal, o agente infiel nas mãos do cônjuge utilizando-se das redes sociais. Atribuição de sentidos e valores está em nosso perfil de seres racionais, porém nunca encontraram tantas formas de se manifestarem quanto hoje.  
A conclusão que pretendo relativizar é que as tecnologias geraram novas demandas de compreensão as quais ainda estamos engatinhando com dificuldades no campo social. Não há vilões novos, só mecanismos mais sofisticados e diversos que estão sendo mal geridos por nós que os criamos. Obviamente o fato de vivermos no cenário capitalista transforma estes mecanismos em geradores de renda que não respeitam os limites temporais e espaciais como doutrora, onde a distância da cidade implicava em um determinado tipo de vida no campo. Portanto, educar em casa ou na escola, torna-se uma grande dificuldade se não unirmos forças entre famílias e instituições, desenvolvendo uma visão global de educação, sem descartar as tecnologias, mas dando um significado social a elas e a existência do educando com respeito a suas individualidades, colocando o foco na soma das individualidades que dão origem ao tecido social.
O respeito ao todo não se confronta com o círculo menor que nos cerca como personalidade, assim, não há forças determinantes e divergentes, apenas escolhas feitas sem uma boa análise e compreensão das novas possibilidades da educação.

Professor de Educação Básica II, fabzafa@gmail.com
 REFERÊNCIAS
Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. São Paulo: Ed. Zahar, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários à Prática Educativa. 25ª Edição. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996.
Kurz, Robert. O colapso da modernização. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996.

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