Eu era apenas um grão de sal no mar,
Mas você acolheu-me no seu ventre,
Deu-me a oportunidade de ser pérola.
Trouxe-lhe dificuldades físicas,
Restrições de alguns prazeres,
Dores, enjoo e cansaço eram seus visitas frequentes,
Mas continuava a nutrir-me,
Com vida, saúde e amor.
Quando a luz feriu meu olhos,
Foste num abraço que me protegeste,
Eu era apenas um bebê,
Porém para você, um anjo.
Meu sorriso era uma flâmula de sentimentos
Meu choro, um sofrimento,
Pouco eu contribuía nesta relação,
Mas sempre recebia tudo que precisava,
Inclusive o não,
Que era o que mais doía nos seus lábios.
Mesmo sendo um ser tão pequeno,
Você me iniciava no mundo,
Migração do teu colo para o chão,
Para meus primeiros passos,
Sempre com seu apoio,
Ir além do que fizera antes.
As noites em claro de preocupação,
Eram os presentes em nossa história,
Foram tantas e quantas te fiz chorar.
Mas, só agora, eu entendo como elas eram tão claras.
Sua luz iluminava o quarto para que dormisse.
Mas essa pérola cresceu,
Se deformou um pouco,
Já não tem a bela e pura inocência,
Já fez muitas escolhas que lhe excluíram,
Deixando ao vento quem nunca me deixou.
Entretanto, agora o burilamento da vida,
Fez-me uma visita,
Entrando pela porta do arrependimento,
Trouxe a mim o entendimento,
Que faltava para compreender,
Os erros desta rocha que já foi um grão,
Deste duro coração que já fora amável,
Para lhe volver os olhos com emoção,
Dizendo a ti mulher venerável,
O que nunca deixei de ter no coração.
Não é uma paga de favores pelo passado,
Não é uma responsabilidade jurídica,
Não é por olhares de vizinhos,
É por mim e pelo que sinto,
É por nós e o que significa nossa história,
É por tudo que é a vida,
O Amor!!!
O todo humano que não tem mácula.
De resto sou eu,
Errante caminheiro,
Que busca encontrar,
Tudo que já tive,
No colo da mamãe!!!
Nunca fui anjo, mamãe!
Mas sempre serei um de seus filhos amados!
E você, a dádiva da vida!!!
Autor: Fabrício Ap Zafalon
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