Vale dos leprosos

O leproso que foge da cura,
Volta para seu vale infecto,
Com dores enormes que o carrega,
Seu horizonte é curto,
Seus passos em círculos,
Seu passado são cinzas.

Esta lepra do orgulho,
Que sobressai entre a rocha do coração,
Emana toda a podridão fétida,
Todo o rancor pelo outro,
A falta de sentido que o interesse,
Vazio e individual lhe traz.

Mesmo se despedaçando-se pelo caminho,
Sua cabeça segue empinada para a luz que rechaça,
Manda em tudo que nada tem,
Domina o querer do outro,
Mas não controla sua volúpia de poder.

Ainda que tenham outros no Vale sombrio,
Não os vê e nem os sente,
Apenas seu ego lhe encontra,
Para dar a certeza absoluta,
Pois nunca erra ou perdoa,
Apesar de ser um cristão.
Cristão que não segue Cristo,
Cristão que não acolhe,
Cristão que nada faz pelo outro.
Mas, sempre citando o Cristo,
Segue como ídolo de si mesmo,
Nunca como o Mestre.

Na boca tem um fel para malgradar,
Nas mãos a imundície do poder,
Nos olhos a cegueira do egoísmo,
No coração os espinhos da insensatez,
Na mente a certeza mais falsa,
Nos pés os grilhões do orgulho.

Com este corpo disforme,
Arrasta multidões de iludidos,
Que tão cegos quanto seu líder supremo,
Arrasam o solo fértil da esperança,
Degradam a natureza pelo dinheiro,
Crêem no sucesso individual,
Lutando em grupo e contra o grupo.

Aquele que sempre acha no outro o mal,
Nunca buscou suas raízes.

Está doença que acerca o homem,
Tem no silêncio da reflexão,
A cura do Nazareno,
Que acolhe a todos,
Nada julga ou condena,
Apenas Ama e Cofia!!!

"Amei o próximo como a ti mesmo" -
Aí está a lei!!!

Autor: Fabrício Ap Zafalon

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