A insaciável fome de mim
Também dá sede de vós.
Eu alimento lobos,
Alimento as ovelhas,
Mas não trato com equidade.
Faço julgamentos sem réu,
Sentencio o acaso,
Condeno inocentes,
Me farto do avesso,
E tenho as cólicas da consciência de culpa.
O doce que falta a minha boca,
Está no mel da humildade,
Que alimenta o mundo com pão,
Apenas a base da vida:
O Amor que é o trigo,
O conhecimento, o fermento,
A água, que tudo permea, a moral.
O mundo me alimenta com o sabor
Que mais aprecio,
Mas a sobremesa é a que necessito.
Posso sorver ódio ao adversário,
Mas não posso esquecer da colheita,
A qual farei sob tempestade.
Para ter uma mesa farta,
Nada me falta!!!
Para ser um caminho,
Preciso ser chão antes.
Sabemos que nem só de pão vivemos,
Mas de toda a semeadura de ações,
As que dão frutos,
As que deram em joio,
Mas que teremos que digerir também.
Somos o que nutrimos em nós,
Temos vícios alimentares da vida,
Que podemos alterar,
Com muito critério moral,
As melhores escolhas são feitas,
No silêncio da fome,
Aprende-se a ouvir melhor,
Quando se faz mais que ontem.